quinta-feira, 19 de abril de 2012

Maternidade e a estética "amamentícia"

Um destes dias tive conhecimento de uma cena passada numa repartição de finanças. Uma situação que nada tinha a ver com o corriqueiro de pedidos e extravios numéricos. Não! Foi uma questão de mamas. Passo a explicar:
Uma jovem mãe senta-se com o seu pequeno rebento que, não tarda muito, desata num berreiro. A jovem, tentando calar o menino, saca da abençoada mama e espeta-lha na boca. Ao que parece resultou! O menino ficou calado enquanto chuchava mas, olhando em volta, a mamã deparou-se com o olhar de soslaio de um senhor idoso. Irritou-se a abençoada imaculada e desatou ela, desta feita, num berreiro que (digo eu!) não haveria chucha que calasse.
Quando soube do acontecido dei conta da minha indignação egoísta... O que me irritava na situação era a propensão que há para se aceitar a "exibição" do seio com leite e resguardar o seio seco.
Houve logo umas quantas senhoras que me transmitiram que sim, há diferenças entre uma mama com leite e uma sem. Que a exibição da primeira é imagem terna e que, a exibição da segunda pode ser erótica mas deve ser gerida com parcimónia. Bem, de nada me valeu tentar explicar que não era meu  objectivo sacar das minhas margaridas em plena repartição de finanças para que estas não se sentissem marginalizadas.
Incomodada com os ditos e desditos fui conversando com uma data de mães que, não só me entenderam como fizeram acrescentos deliciosos ao meu pensamento. Uma delas, com dois filhos, também agastada com o excesso de embelezamento da maternidade e aleitamento, disse-me que de cada vez que pensava na altura em que amamentou lhe doíam os bicos e que a filha mais velha, ao olhar para os seios da mãe disse:
"- Ó mamã, tens que pedir ao papá para te arranjar as maminhas!"
Claro que a menina, habituada a ver o pai a trocar lâmpadas e a arranjar electrodomésticos lá por casa, achou o comentário apropriado.
Onde quero eu chegar com isto?
Em nada me incomoda que a natureza faça deste acto algo necessário e, neste sentido, corriqueiro. Mas também não me incomoda não gostar de ver os meninos agarrados ás tetas em qualquer canto deste promontório abençoado por Deus! Incomoda-me sim, que haja uma geração de mulheres que façam gala do superlativo da maternidade como se, antes do acontecido, fossem menos mulheres, menos dignas na sua sexualidade ou beleza feminina. Acho a maternidade bela. Isto tendo em conta que a maternidade é para mim o acto de cuidar, criar e educar e não a fisiologia da coisa. É que quando me dão com o argumento de que amamentar é uma coisa normal e até as vaquinhas o fazem em publico, vêm-me à memória variados actos perpetrados pelas ditas mugideiras que, a serem copiados por nós em qualquer pasto ou rotunda, era gajo para dar cadeia!
Mas isto é só a minha opinião!

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