terça-feira, 15 de maio de 2012

'Democracices'

Escutei hoje um programa sobre o estado da democracia em Portugal...
Escutei com a paciência costumeira de quem julga que as suas ideias são melhores que as dos outros e ouvi os "outros" dizendo que as deles eram melhores que as minhas. Um programa como deve ser, ou como costuma ser, diga-se antes assim.
Eis senão quando, no meio de intervenções sociológicas, se começa a falar sobre a abstenção.
Aqui parei o carro julgando-me à beira de um ataque de nervos. Todos temos a nossa forma de encarar as coisas; beleza e vicissitudes democráticas, mas, há umas quantas, que por mais desenhos que me façam não me enfiam goela abaixo nem com mel.
Dizia-se então que a abstenção deveria ser já por si vinculativa (foi aqui que parei o veículo!)... Esperei porque não conseguia descortinar o que quereria significar o carácter vinculativo da abstenção.
Sentindo-me obtusa e cada vez mais próxima do meu lado ditatorial, oiço a explicação: Ora, ao que parece, haveria uma contagem estatística de votos e, portanto, quantos menos votos menos lugares na Assembleia da República.... Conclusão de quem falava: "Desta forma haveria uma triagem dos maus políticos que não chegariam a ser eleitos por não haver lugar no parlamento". Fiquei muito quieta durante uns segundos pensando no que acabara de ouvir. Todos sabemos que os políticos, quanto mais visibilidade têm mais competentes são. E, não sendo esta a elação que daqui se tira, também todos sabemos que os que singram na vida partidária são, sempre, os mais sérios!
Puxo do meu, quase esquecido, catolicismo, sentindo o tremor da mão que me quer benzer.
De seguida fala-se da obrigatoriedade de voto. O voto, ao que parece, não deve ser obrigatório porque, sendo transformado num dever, se torna a antítese da democracia.
Eu também acho!!! Julgo aliás que, vivendo numa democracia saudável todos temos o direito de ser anti- democratas, anti-monárquicos ou anti-pragmáticos... Porque assim sendo, seguindo esta corrente de pensamento, aos que me dizem que não votam por não acreditarem no sistema politico, não deveria ser dado o direito (democrático!) de emitirem opiniões sobre as politicas dos governantes que, convenientemente, não ajudaram a colocar no poleiro bem como não contrariaram a sua subida ao poder.
Voltando à minha ditadura de ser pensante; como posso escutar que a malta que vota devia ter benesses fiscais para que assim houvesse uma justificação para a viagem tormentosa até às urnas?! Que não faz sentido que as pessoas tenham que se deslocar para exercer o direito de voto e permitir que estejam lá sempre os mesmos gandulos. Pois estão SEMPRE os mesmo estão, vá lá o diabo concluir porquê!
Por mim, num estado de intervenção cívica consciente, só se manifestava, queixava e lutava pelos seus direitos quem respeita a comunidade, quem dá valor ao facto de podermos marcar a diferença papelinho a papelinho. Bardamerda para estes democratas por conveniência!


Nenhum comentário:

Postar um comentário